O ex-garçom que virou um plantador de sonhos

Segunda-feira, 7 de Novembro de 2011

‘O DIA’ homenageia aposentado que refloresta Mata Atlântica degradada em São Gonçalo
POR CLAUDIO VIEIRA

O ex-garçom Hermínio Marques da Costa, 74 anos, vive para plantar; e sua mulher, Ana Cristina Costa, 52, está sempre a seu lado, ajudando. Juntos, já plantaram mais de 5 mil árvores. A maioria delas em Monjolos, 3º distrito de São Gonçalo. No ano em que O DIA comemora seu 60º aniversário, Hermínio é o 21º homenageado pelo jornal com a medalha ‘Orgulho do

Rio’, pela dedicação a melhorar a qualidade de vida de sua comunidade.

Assentados na Fazenda Engenho Novo, eles agora têm uma missão: reflorestar uma área de três hectares — o equivalente a 30 mil metros quadrados — onde, com a ajuda de três vizinhos, plantarão mais de três mil árvores, recompondo área de Mata Atlântica degradada nas últimas três décadas.

O projeto do Instituto de Terras e Cartografia do Estado, responsável pelas terras da Fazenda, é instalar um dos maiores hortos da América Latina naquela região.

Ao receber a medalha, Hermínio beijou a mulher, emocionado: “Só existe um meio de retribuir um carinho como esse: plantando uma árvore em homenagem a O DIA”.

O namoro com as terras de São Gonçalo começou em 1958. No início, plantava árvores para ocupar o tempo. Depois, aprendeu a cuidar delas. Não bastava plantar, mais importante era fazer a manutenção diária, com carinho e muito zelo.

No casamento com Ana Cristina, uniu o dom com a vontade de plantar. Sem filhos e alarmado com o volume de informações sobre o desmatamento e o aquecimento global, o casal produziu milhares de mudas, que foram virando árvores frondosas, ornamentais e frutíferas, nos últimos anos. Ipês, pau-brasil, figueira, mogno, jacarandá, mangueiras, oitizeiros, cajueiros, todo tipo de árvore que se imagine.

Em aldeia portuguesa, trabalho na terra desde os 7 anos de idade

Hermínio se emociona quando fala do respeito à natureza. Nascido na Serra do Caramulo, em Varzielas, aldeia em Portugal, ara, planta e colhe desde os 7 anos. Aos 12 veio para o Brasil com os pais e, desde então, trabalhou como garçom. Ficou famoso nos bares e restaurantes de Botafogo, onde era o predileto de fregueses ilustres.

Hoje, mora com a mulher no sítio Pau Brasil, dentro de uma floresta. Procurados por vizinhos, cederam mudas e plantaram muitas árvores nos terrenos adjacentes. Depois, novas árvores, margeando a rua; em seguida, a estrada do Rio Frio, que dá acesso ao assentamento. Hermínio plantou alamedas de ipês amarelos dos dois lados da estrada que, no inverno, se transforma num corredor amarelo.

Dona Cristina conversa com as plantas, antes de se transformarem em árvores adultas: “Você será a árvore mais bonita da floresta. E vai dar uma sombra bem gostosa, quando a gente for lá te visitar.”

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