ITERJ integra equipe que coopera para tornar produção agroecológica uma realidade no Senegal
Segunda-feira, 6 de Abril de 2020

Participantes de projeto de cooperação recebem especialistas para adequar propriedades para a produção orgânica de alimentos
“Fortalecimento de práticas agroecológicas para o estabelecimento de sistema participativo de certificação no programa de fazendas ‘Naatangué’ no Senegal”. Este é o nome do projeto que está levando ao país africano a possibilidade de abandonar o uso de agrotóxicos em suas produções agrícolas, com a capacitação sobre práticas de manejo agroecológico em comunidades produtoras assistidas por um órgão local - Agência Nacional de Integração e Desenvolvimento Agrícola (ANIDA). A missão mais recente ocorreu em meados de fevereiro e início de março. Coordenada pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), contou com a participação de representantes das instituições brasileiras parceiras do projeto: o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (ITERJ), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a PAIS Consultoria em Agroecologia Ltda.
O Analista de Desenvolvimento Agrário do ITERJ, André Luiz Corrêa, integrou a equipe e explica que fez parte das orientações a capacitação em controle fitossanitário e manejo orgânico, com ênfase na preparação e uso de biofertilizantes e outros produtos alternativos para controle de pragas e doenças. Foram realizadas, também, visitas de verificação nas unidades com esse tipo de produção no país.
“Cada uma das três comunidades visitadas tinham suas peculiaridades. Em Thiépp nos deparamos com um projeto piloto da ANIDA composto por dez famílias de jovens agricultores; Em Séssène, o público foi um grupo de pequenos empreendedores da agricultura local com características bem similares aos que temos aqui na nossa Região Serrana Fluminense e Vale do Paraíba e em Kolda, agricultores tradicionais, próximos da agricultura familiar brasileira e o nosso trabalho também foi direcioná-los na iniciativa de instalação de um Sistema Participativo de Garantia (SPG), modelo para a certificação orgânica no Senegal”, relata sobre sua experiência, André Luiz Corrêa, apontando que ainda existem fragilidades a serem superadas, como o uso de agrotóxicos e a pouca diversidade de cultivos.
Segundo relatos da ABC/MRE, o consultor da PAIS, Aly Ndiaye, destacou que foi possível notar “um maior entusiasmo da equipe da ANIDA, parceira local do projeto”. Para ele, o fato de toda a equipe de conselheiros da Agência participar das capacitações realizadas durante a missão é um sinal desse entusiasmo.
Durante a visita a um campo de batatas, em uma das fazendas em Thiépp, o grupo notou sinais claros de encharcamento da lavoura, o que levantou uma discussão e uma reflexão importante em relação à queixa recorrente de falta de água para irrigação no local. Perceberam, ainda, uma diferença nas informações quanto às recomendações de lâmina de água, feitas a partir do projeto original de irrigação, e o turno de rega (intervalo entre irrigações), efetivamente usado na prática.
Ainda para a ABC, o professor da UFRRJ, Antônio Carlos de Souza Abboud, recomendou a vinda de um técnico especialista em irrigação. "É importante que se faça um dimensionamento da real capacidade de fornecimento de água, assim como redimensionamento das lâminas de água e turnos de regas, de forma a racionalizar ou uso coletivo da água", disse o especialista.
“Foi possível notar que os agricultores e agricultoras envolvidos no Projeto se encontram motivados com a transição agroecológica e com a formação dos grupos de SPG, mas é necessário reconhecer a necessidade que eles têm dos mecanismos que permitam o aprimoramento do trabalho, como apoio para realização de análises químicas de amostras de terra para avaliação da fertilidade dos solos, pesquisas e futura disponibilização de agentes de biocontrole. Só assim ocorrerá o banimento definitivo do uso de agrotóxicos nas áreas de cultivos e ganho de espaço no mercado local para produtos agroecológicos”, conclui o Analista do ITERJ, André Corrêa.
Texto: Rafael Brito
Fonte: Associação Brasileira de Cooperação/Ministério das Relações Exteriores
Mais notíciasComentários

- Atendimentos
- 2ª via de boletos
- Atualização cadastral
- Solicitação de declaração de cadastro