ITERJ cadastra moradores da Comunidade Ocupação Manuel Congo
Segunda-feira, 28 de Maio de 2018

Por Rafael Brito
Rumo à regularização fundiária: cadastro de famílias da Comunidade Ocupação Manuel Congo é mais um passo na direção da vitória na luta por moradia digna
Neste mês de maio, servidores do Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro estiveram na Comunidade Ocupação Manuel Congo, na Cinelândia, região central do Rio, para realizar o cadastro das 42 famílias moradoras. O cadastramento é uma importante etapa do processo de regularização fundiária de interesse social, pois ele possibilita identificar o perfil socioeconômico das famílias de cada unidade habitacional, bem como recolher as informações para elaboração dos documentos de titulação.
Após essa etapa, a entrega dos títulos será uma das vitórias de uma luta árdua que dura mais de 10 anos. A aposentada Ana Maria Trarbach, de 72 anos, é uma das moradoras do prédio, junto com seu esposo, Sylvio Romero de Jesus, que também tem 72 anos. Enquanto eram cadastrados, relembravam parte dos desafios que enfrentaram na ocupação: “quando ocupamos aqui dependíamos de uma grande cozinha coletiva que ficava no terceiro andar. Eu morava no nono pavimento e enfrentava as dificuldades de subir e descer. Em outros tempos chegamos a dormir todos espalhados pelo chão, num único espaço”. Dona Ana relembra ainda da falta de água para tomar banho e dos constantes entupimentos do esgoto dos quais muitas vezes era o senhor Sílvio quem desentupia. “Com o decorrer dos anos muitos eram os convites a desistir, mas eu jamais ia desistir depois de tanta luta”, afirma Dona Ana.
Cadastramento da aposentada Ana Maria Trarbach
Basta, porém, circular pelo prédio para ver que a triste realidade contada pela senhora Ana ficou para trás. Já no estágio final, acontece a reforma do edifício financiada pelo Programa "Minha Casa, Minha Vida – Entidades", modalidade que possibilitou que a Comunidade ficasse responsável pela gestão dos recursos da requalificação do prédio sendo que, nesta obra, cada ocupante participou diretamente do processo de reforma de suas unidades habitacionais. Ressalta-se que o acompanhamento da obra por profissionais que prestam assistência técnica é exigido pelo contrato.
A reforma do prédio traz a garantia de melhor qualidade de vida de seus moradores e abre caminho para a busca de novos sonhos, como o caso da moradora Diná de Oliveira, 43 anos: "trabalho como auxiliar de serviços gerais, costuro em casa e sonho em ser Design de Moda", conta a chefe de família que veio do nordeste, fugindo das adversidades do Maranhão, tentar construir uma vida melhor para si e para os filhos. Mãe de um casal de adolescentes, ela destaca a importância que é ser moradora de uma área central: "por morarmos aqui no Centro (do Rio), minha filha conseguiu um bom estágio no Banco do Brasil, faz curso de inglês e meu filho tem boas chances de acesso aos seus estudos". Diná conta com orgulho do esforço dos filhos que constroem seus sonhos por meio dos estudos. A moça de 17 anos sonha em ser médica e o rapaz, arquiteto. "Sou uma mãe muito presente, caminho junto com eles, sonho junto com eles", conclui.
Cadastramento em uma das unidades habitacionais reformadas
Hoje, todas as 42 famílias já estão em seus apartamentos, que trazem seus toques individuais e, para a conclusão da obra, restam apenas alguns detalhes finais na portaria, a resolução de problemas técnicos com o elevador e o aceite das concessionárias fornecedoras de água e gás, além dos bombeiros. O Arquiteto responsável pelo acompanhamento da obra junto ao Movimento Nacional de Luta pela Moradia - MNLM, que representa os moradores, Augusto César Alves, contará todas as dificuldades enfrentadas na execução das obras nestes últimos quatro anos, numa série especial a ser veiculada assim que as famílias forem tituladas pelo ITERJ.
Veja mais fotos: https://bit.ly/2J6MUjh
Mais notíciasComentários

- Atendimentos
- 2ª via de boletos
- Atualização cadastral
- Solicitação de declaração de cadastro